Capítulo 5 Plexo Coroide

Sob uma óptica histológica, pode-se asserir que a população celular mais representativa das regiões nas quais se faz presente o plexo coroide corresponde às células ependimárias, embriologicamente derivadas das células ventriculares que povoam a zona ventricular do tubo neural durante o processo de histogênese do tecido nervoso. Além de tais células, também é possível encontrar tanicitos em algumas regiões específicas do sistema ventricular encefálico, os quais correspondem a células derivadas da glia radial bipolar detentoras de uma morfologia intermediária entre os astrócitos e as células ependimárias. Dessa forma, é válido frisar que as células ependimárias e os tanicitos constituem os principais componentes neuroepiteliais do epêndima, imprescindível para a produção e a movimentação do líquido cefalorraquidiano.

Como já se pode inferir a partir das populações celulares gliocíticas descritas acima, o plexo coroide (ou corioide) corresponde a uma associação de estruturas circumventriculares e um epêndima de características epitelioides que abriga células especializadas na produção do líquor a partir do plasma sanguíneo. Nesse sentido, é pertinente lembrar que os chamados órgãos circumventriculares são regiões do Sistema Nervoso Central nas quais se observam descontinuidades da barreira hematoencefálica e, dessa forma, representam áreas de fluxo de substâncias facilitado entre o meio intravascular e o tecido nervoso. Do ponto de vista ultraestrutural, o plexo coroide constitui-se essencialmente pela interface entre uma rede de capilares fenestrados com diafragma situada no interior de uma massa de tecido conjuntivo frouxo e o epêndima sobrejacente.

Assim, pode-se dizer que o plexo coroide está presente nas paredes do terceiro e do quarto ventrículos, onde uma película fina de pia-máter altamente vascularizada denominada tela coroide oferece o aporte sanguíneo necessário para a produção de líquor e, nas fissuras coroides dos ventrículos laterais, situadas nas seções mediais desses componentes do sistema ventricular encefálico, entre o fórnice e o tálamo. Nessas regiões verifica-se, além da intensa produção de líquor, um incisivo e perene monitoramento imunológico por parte de macrófagos, linfócitos e células dendríticas encontradas no tecido conjuntivo frouxo que sustenta o plexo coroide.

Ultraestruturalmente, as células ependimárias apresentam grandes quantidades de mitocôndrias e múltiplas invaginações basais de seus domínios de membrana basolaterais, fatores que as caracterizam como células detentoras de intensa atividade metabólica e elevadas taxas de transporte ativo ocorrendo por bombas proteicas incrustadas na membrana plasmática. Ademais, a presneça de microvilosidades e eventuais cílios em seus domínios de membrana apicais é significativa do ponto de vista histofisiológico, haja vista que as células em questão também efetuam a absorção e a circulação do líquor. Finalmente, é interessante apontar a existência de uma resistente barreira hematoliquórica constituída por junções de oclusão e interdigitações estabelecidas entre células ependimárias adjacentes. Tais especializações laterias de membrana são, pois, fundamentais para se evitar a passagem direta de moléculas do sangue para o líquido cefalorraquidiano.