Capítulo 8 Gânglios
8.1 Gânglios Sensitivos
As fibras sensitivas constituintes dos nervos espinais apresentam seus somas situados em dilatações localizadas na raiz dorsal de seus nervos, em estruturas conhecidas como gânglios sensitivos das raízes dorsais. Esses neurônios pseudounipolares transmitem informações sensitivas ao Sistema Nervoso Central por meio das vias coluna dorsal-lemnisco medial, responsável pela condução de informações relacionadas ao tato epicrítico, à sensibilidade vibratória e à propriocepção consciente de todo o corpo com exceção da cabeça e do pescoço, e anterolateral, a qual conduz informações relacionadas ao tato protopático, à propriocepção inconsciente, à nocicepção e à termocepção.
Como característica histológica peculiar dos gânglios sensitivos, é possível mencionar a presença de gliócitos especializados, denominados células satélites, “contornando” e sustentando os corpos celulares e os neuritos dos neurônios sensitivos. Ao emitirem um prolongamento centrípeto em direção à medula espinal e um prolongamento centrífugo em direção à periferia do organismo, os gânglios sensitivos proporcionam a integração somatossensorial entre diferentes regiões do corpo, o que é de especial importância para a defesa do organismo e para a mediação de arcos reflexos.

Figura 8.1: Pericário de um neurônio pseudounipolar sensitivo localizado no gânglio da raiz dorsal de um nervo espinal. Observe as células satélites fornecendo sustentação para esse neurônio.
8.2 Gânglios Autonômicos
Essas estruturas integram a divisão visceral do Sistema Nervoso e são fundamentais para o controle das funções vegetaticas, estabelecendo conexões com os gânglios pré-vertebrais simpáticos, os gânglios das cadeias paravertebrais e os núcleos intermédio-mediais da medula espinal. Nesse sentido, vale salientar que, nas lâminas observadas, verifica-se a presença dessas estruturas no Sistema Nervoso Entérico, onde formam o plexo mioentérico (ou de Auerbach), situado entre as camadas musculares circular interna e longitudinal externa do intestino e envolvido na regulação da motilidade destas, e o plexo submucoso (ou de Meissner), localizado na camada submucosa e essencial para o controle da motilidade do estrato muscular da mucosa e para o controle quimioceptivo e mecanoceptivo da peristalse.
Ainda se pode vislumbrar a presença de pequenos gânglios autonômicos em meio ao tecido conjuntivo presente nas trabéculas da glãndula submandibular, onde medeia suas atividades secretórias conectando-se com fibras provenientes do nervo facial.

Figura 8.2: Um pequeno gânglio autonômico situado em meio ao tecido conjuntivo das trabéculas da glândula submandibular.
8.3 Aplicação Clínica
O vírus causador da Herpes zoster tende a se alojar nos gânglios sensitivos das raízes dorsais dos nervos espinais quando se converte em seu estado latente após uma primoinfecção. Assim, mediante episódios de imunossupressão intensa, esse patógeno pode voltar à sua forma ativa e proporcionar o aparecimento de feridas máculo-papulares e vesiculares que se distribuem metamericamente na superfície do corpo, obedecendo os padrões de delimitação dos dermátomos. Cabe ressaltar que essas lesões podem ser desencadeadas por estresse emocional severo e podem ulcerar se deixadas sem tratamento, o que favorece a ocorrência de infecções secundárias.