Capítulo 7 Nervos

A partir de uma óptica neuroanatômico, é válido afirmar que os nervos são as principais estruturas que compõem o Sistema Nervoso Periférico e, por isso, funcionam como fios que abrigam importantes circuitos neuronais responsáveis pela comunicação entre o Sistema Nervoso Central e as demais regiões do corpo. Isso possibilita que o Sistema Nervoso como um todo atue, ao lado do Sistema Endócrino, como uma rede de integração entre os múltiplos órgãos das várias regiões do corpo.

Ao todo, possuímos 12 pares de nervos cranianos e 31 pares de nervos espinais. Enquanto estes se originam a partir da substância cinzenta do H medular, aqueles se originam de núcleos imersos na substância branca do tronco encefálico, a exemplo do nervo vago (NC X), o qual se origina parcialmente do núcleo dorsal motor do nervo vago, e do nervo oculomotor (NC III), que possui seu componente autonômico oriundo do núcleo de Edinger-Westphal, ou de projeções telencefálicas e diencefálicas, como se observa para o nervo olfatório (NC I) e o nervo óptico (NC II), respectivamente.

De forma geral, pode-se dizer que todo nervo possui um componente aferente sensitivo e um componente eferente motor e, do ponto de vista histológico, compõe-se por conjuntos de prolongamentos axônicos revestidos por membranas protetivas de tecido conjuntivo e fibras colágenas. Tais prolongamentos podem ou não estar mielinizados e isso dependerá da atividade das células de Schwann, os principais gliócitos do Sistema Nervoso Periférico. Essas células apresentam núcleos sinuosos e alongados que parecem acompanhar as trajetórias percorridas pelos prolongamentos nervosos.

Os nervos usualmente podem ser encontrados em estreita associação com elementos vasculares tais como as veias de médio calibre e as artérias musculares constituintes dos feixes vásculo-nervosos, e se encontram compartimentalizados em feixes e fascículos nervosos por meio das membranas conjuntivas supramencionadas. Estas correspondem ao epineuro, ao perineuro e ao endoneuro.

Imagem de um feixe vásculo-nervoso.

Figura 7.1: Imagem de um feixe vásculo-nervoso.

Componente neural de um feixe neurovascular.

Figura 7.2: Componente neural de um feixe neurovascular.

Nesse âmbito, é possível mencionar que, enquanto o epineuro une vários fascículos nervosos em um só nervo e é composto primordialmente por tecido conjuntivo denso, o perineuro delimita os fascículos nervosos e corresponde a uma bainha conjuntiva constituída por uma série de fibroblastos modificados com formato achatado entremeados por fibras colágenas. Existe ainda o endoneuro, que corresponde a uma delicada película de tecido conjuntivo frouxo que reveste fibras nervosas individuais.

Aspecto de um nervo periférico à microscopia de luz.

Figura 7.3: Aspecto de um nervo periférico à microscopia de luz.

Entre os fascículos nervosos, pode-se observar, no interior das bainhas conjuntivas supradescritas, vasos sanguíneos responsáveis pela vascularização do tecido nervoso periférico. Vale salientar que os nervos configuram-se como estruturas de notável relevância clínica no exame físico neurológico, podendo ser lesados por uma miríade de afecções com as mais variadas etiologias, como a hanseníase, a neuropatia diabética e a esclerose múltipla.